O HOSPITAL E OS MÉDICOS
No início do mês, circulou na cidade o informativo de novembro da Associação Médica de João Monlevade, estampando em última página o texto do presidente Luis Alpino Prandini de Assis, questionando até quando iria a falta de plantonistas no Hospital Margarida. Na quinta-feira da semana passada, a categoria se reuniu em assembléia geral e, pelo que parece, o assunto não mereceu nenhuma manifestação contra nem a favor. Na terça-feira, no entanto, o assunto foi matéria com chamada de capa no jornal A Notícia, reproduzindo nada mais e nada menos do que aquilo que já havia sido publicado pelo informativo dos médicos. Foi o suficiente para que as reações fossem as mais estranhas, até mesmo com uma entrevista na Rádio Cultura onde ficou claro que a manchete do jornal incomodou mais do que a própria denúncia feita pelo presidente da associação dos médicos. É o velho caso do sofá vendido pelo marido traído nele.
Lucien Marques, o provedor do Margarida, chegou a pedir cautela da mídia ao divulgar notícias do hospital, numa reação carente de bom senso. É que toda a imprensa já é parceira no marketing positivo da instituição, mas não deve e nem pode ser irresponsável ao ponto de esconder da opinião pública as graves denúncias do presidente da Associação Médica do município.
Entretanto, mais preocupante do que a tentativa de se discutir manchetes de jornal é a impressão que se dá da distância física e analítica do provedor do hospital e do presidente da associação dos médicos.
Quando há vontade política, não prevalecem as diferenças, distâncias não são impedimentos e entendimentos são possíveis para o bem comum. Basta que conversem. O que parece não estar – incompreensivelmente – acontecendo.
Luis Alpino alerta que pacientes podem morrer por falta de médicos plantonistas no Hospital Margarida e Lucien Marques vem a público garantir à população que isso jamais acontecerá.
Riscos descartados e responsabilidades estabelecidas, sugere-se aos dois extremos que dialoguem sobre todas as informações contidas na denúncia.
Até prova contrária, acreditamos que Lucien vem se dedicando voluntariamente e exemplarmente na reconstrução do Margarida como referência de atendimento médico em nossa região, do mesmo jeito que nos negamos a acreditar que o jovem médico Luis Alpino estaria procurando chifres em cabeça de cavalo. Problemas existem e precisam ser discutidos enquanto é tempo de se buscar solução menos traumática.
De todo o texto do médico presidente, me chama mais a atenção uma frase preocupante:
“Tenho certeza, que se houver valorização da pessoa e do profissional médico e se o jogo politiqueiro for deixado do lado de fora do hospital, resolveremos nossos problemas mais facilmente”.
Como o médico é irmão do atual prefeito e o provedor do Margarida é correligionário do ex-prefeito e os dois são adversários políticos, o presidente da associação médica precisa vir a público esclarecer qual jogo político está sendo praticado lá dentro e que precisa ser deixado de fora do hospital. Até porque a questão da “valorização da pessoa e do profissional médico” a história tem mostrado que ela existe e, talvez, não passe de compreensível corporativismo.
Para finalizar, é preciso lembrar que saúde pública é uma questão de governo e o caso em questão é ainda mais específico, porque é a Prefeitura de João Monlevade quem viabiliza recursos para pagar os plantonistas reclamados. Resta perguntar se o irmão-médico discutiu com o irmão-prefeito as denúncias que faria e o que a maior autoridade pública do município achou disso tudo.
Jornal "A Notícia", nº 1568 de 20 a 23/11/2009
O de concreto é que parturientes estão sendo encaminhadas para hospitais da região, por falta de pediatras na hora do parto.
Pode??????????????
Daysabela
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